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Secretário acorda no susto a 'UPA da soneca'

Médicos e funcionários dormiam enquanto pacientes esperavam atendimento

Homem passa mal e deita no chão em frente à  entrada da UPA Parque Beira Mar, em Duque de Caxias
Homem passa mal e deita no chão em frente à entrada da UPA Parque Beira Mar, em Duque de Caxias -

Depois de uma inspeção 'surpresa' na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque Beira Mar, em Duque de Caxias, 25 funcionários entre eles três médicos, dois enfermeiros, 12 técnicos e dois seguranças foram demitidos por terem sido flagrados dormindo, na madrugada de ontem. A incerta do secretário municipal de Saúde constatou que, enquanto a equipe tirava uma soneca com a UPA fechada e luzes apagadas, pacientes em busca de socorro ficavam sem atendimento. O caso foi parar na delegacia de polícia.

Segundo o secretário municipal de Saúde, José Carlos de Oliveira, a inspeção aconteceu após reclamações de falta de médicos na unidade. "Recebi a denúncia dizendo que (a UPA) não estava funcionando. Tomei banho, vesti uma roupa e vim para cá. Fiquei de 23h até meia-noite e estava tudo funcionando normalmente, com três médicos atendendo. Então, voltei para casa", disse Oliveira.

"Mas decidi voltar. Cheguei 3h e estava tudo apagado. Hoje (ontem) deveria ter cinco médicos, mas só havia três e estavam dormindo. Comecei a jogar cadeira pelo chão, fazer barulho e eles acordaram. Fomos todos para a delegacia e o jurídico vai tomar todas as providências. Que fique de lição. Vamos fazer isso novamente e, sempre que encontrarmos isso, serão exonerados", completou o secretário, indignado.

Unidade na Zona Norte

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), reabriu ontem a UPA de Costa Barros, que recebeu obras emergenciais de recuperação estrutural. O investimento foi de R$ 2,4 milhões. "É uma área sagrada, que vai salvar tanto o ferido que está no crime quanto o policial que foi baleado. O espaço precisa ser de paz e de cidadania", disse o prefeito. A UPA possui 19 leitos: 9 de observação adulta, 4 de observação infantil, 4 de emergência e 2 de observação individual.

Filha sem socorro

Haroldo Aragão Lopes, 52 anos, deu de cara na porta quando foi procurar atendimento para sua filha, Laís Soares Santos Lopes, 26 anos, que tem deficiências físicas e mentais. "Minha esposa e eu corremos com ela para o hospital e um segurança do (hospital) Adão Pereira Nunes nos orientou a procurar a UPA. Foi o secretário que impediu que ela fosse embora. Minha filha é especial e nem tiveram consideração", desabafou.

Polícia Civil investiga omissão de socorro

A 59ª DP (Caxias) investiga o caso como crime de omissão de socorro. Por conta do fechamento da UPA e a ida de todos os funcionários envolvidos para a delegacia, a prefeitura solicitou reforço de outros profissionais e o atendimento só começou por volta das 7h, provocando filas gigantescas.

Segundo funcionários, a chefe do plantão teria determinado que apenas pessoas em estado grave fossem atendidas. Essa denúncia também será investigada. A dona de casa Selma Cristina Pereira, 45 anos, levou o filho com fortes dores no peito e braço e só conseguiu socorro após uma longa espera. Ela contou que Jefferson ficou jogado no chão, sem maca, na porta da UPA, até que finalmente fosse socorrido. "Não tem funcionários suficientes", reclamou Selma. O secretário José Carlos disse que a UPA recebe pacientes de todos os municípios da Baixada, o que causa lotação.