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Torcedores do Flamengo viajam para o Uruguai sob clima de tensão

Medo dos rubro-negros é por conta da pancadaria com a torcida do Peñarol em abril

Gabigol e o uruguaio Arrascaeta vão pro jogo amanhã, contra o Peñarol, em Montevidéu
Gabigol e o uruguaio Arrascaeta vão pro jogo amanhã, contra o Peñarol, em Montevidéu -

O ambiente é de medo para o duelo do Flamengo contra o Peñarol, em Montevidéu, no Uruguai, nesta quarta-feira. A partida, válida pela última rodada da fase de grupos da Libertadores, ganhou contornos de batalha desde o jogo de ida, no Maracanã, dia 3 de abril. Na ocasião, uma pancadaria generalizada aconteceu em plena praia de Copacabana: torcedores do Peñarol espancaram um rubro-negro de 54 anos - ele segue internado -, e também foram espancados. Resultado: três uruguaios permanecem presos em Benfica.

Desde a partida, os 'carboneros', como são conhecidos os fãs do Peñarol, tem cantado uma música ameaçadora nos jogos do Campeonato Uruguaio. A letra diz que se os 'garotos' não forem libertados, o Flamengo não sairá do estádio Campeon del Siglo - "si no vuelven los pibes, Flamengo no se va". Em 2017, o Palmeiras passou sufoco por lá ao vencer por 3 a 2 - houve pancadaria tanto entre os torcedores quanto entre os jogadores. O Flamengo prepara um esquema especial de segurança para a partida. Os rubro-negros que irão ao jogo no Uruguai estão apreensivos.

"Tenho medo até pela expectativa negativa que está se criando em cima desse jogo. Alguns amigos que já moram no Uruguai falaram que o clima tá tenso e que é pra tomar muito cuidado", disse o rubro-negro Pedro Alvite, de apenas 16 anos. Ele vai tentar aproveitar Montevidéu, se tudo der certo. "Como tenho alguns amigos que não vejo há um bom tempo me programei para curtir um pouco a cidade também. Chegarei na terça-feira e voltarei no domingo".

O torcedor rubro-negro Pedro Alvite - ARQUIVO PESSOAL

O estudante Eduardo Benfica foi durante anos um dos líderes da organizada Raça Rubro-Negra. Ele vai de avião com outros 50 torcedores. "Quem é torcedor que vive na estrada está acostumado com esse clima. Tem jogos aqui no Brasil que sabemos que não são muito pacíficos, como contra o Palmeiras, contra o Atlético-MG. Mas contra o Peñarol é diferente pelo contexto: é um jogo decisivo, e Libertadores é a nossa obsessão", comentou o rubro-negro de arquibancada.

Experiente em caravanas de torcida pelo Brasil afora, ele e o grupo vão prontos para encarar qualquer problema. "Sabemos que não será um jogo calmo. A gente vai preparado pra tudo. Vamos para defender nossa camisa, nosso time, levar nossa faixa. Sabemos do que pode acontecer e estamos preparados. Mas, torcemos para que não aconteça nada, para que todo mundo possa ir e voltar bem", deseja Benfica.

O torcedor Eduardo Benfica, um dos líderes da Raça Rubro-Negra - ARQUIVO PESSOAL

 Flamengo reforça segurança

O Flamengo prepara um esquema de segurança especial para evitar o contato do time com a torcida adversária. Em conjunto com a direção do Peñarol e órgãos de segurança, foi definido que haverá escolta para os brasileiros. O clube também irá disponibilizar 15 ônibus para os rubro-negros chegarem ao estádio. São esperados 800 torcedores do Flamengo no Campeón del Siglo. Eles ficarão em um local cercado por arame farpado.

Os torcedores que vão ao Uruguai têm reclamado da dificuldade para adquirir ingressos. O Peñarol não aceitou o pedido de liberar pontos de venda físicos no Rio: é preciso comprar as entradas pela internet. "Cada um está fazendo sua correria para conseguir comprar os ingressos", comenta Eduardo Benfica. Pedro Alvite resume: "Está uma grande bagunça". O valor para a torcida rubro-negra é de 900 pesos (R$ 102).

Gabigol e o uruguaio Arrascaeta vão pro jogo amanhã, contra o Peñarol, em Montevidéu Alexandre Vidal / Flamengo
O torcedor rubro-negro Pedro Alvite ARQUIVO PESSOAL
O torcedor Eduardo Benfica, um dos líderes da Raça Rubro-Negra ARQUIVO PESSOAL