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Ronaldinho é cercado por jornalistas ao deixar o prédio do MP
Ronaldinho é cercado por jornalistas ao deixar o prédio do MP -

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Ronaldinho Gaúcho e irmão são impedidos de deixar Paraguai, diz MP

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Por Juan Carlos Lezcano, especial para a AE

Ronaldinho Gaúcho e Roberto de Assis Moreira ficarão à disposição da Justiça do Paraguai por tempo indeterminado, segundo afirmou nesta quinta-feira o promotor Federico Delfino, responsável pela investigação contra os dois ex-jogadores por porte de documentos falsos. O promotor foi elegante ao não afirmar que o ex-jogador brasileiro, com história no Grêmio, Paris Saint-Germain, Barcelona e seleção brasileira, está proibido de deixar o país até que tudo seja esclarecido.

O astro do futebol e o irmão, que gerencia sua carreira há anos, foram detidos nesta quarta-feira e passaram a noite sob custódia das autoridades paraguaias após operação policial na suíte presidencial do Hotel Resort Yacht y Golf Club, em Lambaré, vizinho a Assunção. Os brasileiros entraram no país com passaportes autênticos, mas conteúdos falsos. Ronaldinho disse em depoimento que os documentos eram "presentes".

Nesta quinta-feira pela manhã, ambos prestaram depoimento na sede do Ministério Público paraguaio, localizada em Assunção. Em seguida, o ex-jogador foi encaminhado para o Departamento de Crime Organizado do país, onde também terá de dar explicações. "Foi checada a documentação, que chamou a nossa atenção. Para ter a nacionalidade paraguaia, ser paraguaio naturalizado, tem de estar vivendo há algum tempo no país e ter um trabalho fixo, essas coisas. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial... Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano", informou o promotor Federico Delfino.

O paraguaio explicou que ambos saíram de São Paulo e desembarcaram no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi por volta das 9h05, onde receberam os passaportes e cédulas de identidade falsos. Portanto, eles não teriam saído do Brasil com os documentos paraguaios. Ainda de acordo com Delfino, os documentos foram expedidos e retirados no Paraguai entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. As cédulas de identidades eram de 2019. As numerações corresponderiam a de outras duas pessoas, que não tiveram as identidade reveladas, assim como não foi informado se estão enquadradas como suspeitas ou vítimas.

Ronaldinho afirmou, em depoimento, segundo o promotor, que identidades e passaportes foram presentes de uma pessoa que o convidou para visitar o Paraguai, sem revelar seu nome. Na noite de quarta, o brasileiro Wilmondes Sousa foi detido no hotel onde estavam os brasileiros. O dia de Ronaldinho na cidade foi bom. Ele foi tratado pelos paraguaios quase como um chefe de Estado. Andou em uma luxuosa picape, que contava com custódia policial pelas ruas da capital. A virada começou mais à noite, quando a polícia e setores de investigação de imigração receberam uma denúncia e fizeram uma batida onde ele estava hospedado.

O terceiro preso é apontado como a pessoa que entregou os documentos a Ronaldinho logo depois do desembarque no aeroporto paraguaio, antes de irem para o controle de migração. Ronaldinho e Assis chegaram nesta quarta-feira e passaram sem problemas por toda a fiscalização. Fontes do Ministério do Interior do Paraguai explicaram à imprensa local que o Departamento de Identificação informou ao de Migrações que os passaportes não estavam registrados no sistema.

Em uma das cédulas, ele era o cidadão paraguaio número 3.122.656 Era um documento feito na década passada pelos órgãos competentes do Paraguai. Portanto, autêntico. Mas Ronaldinho não era seu primeiro dono. Sobre ser um cidadão paraguaio, a Constituição do país estabelece que qualquer pessoa nessa condição deve ser filho de paraguaios nascidos no estrangeiro ou ter cinco anos de residência no país e um emprego fixo. Ronaldinho não se encaixa em nenhuma destas condições.

PRESENTE - O comissário Gilberto Fleitas, diretor de investigação criminal da Polícia Nacional, afirmou que Ronaldinho disse a ele que recebeu os documentos falsos das mãos do empresário Wilmondes Sousa Lira, também preso na operação, em sua residência no Brasil. Mas essa versão se contradiz com o que informou o promotor Federico Delfino, da unidade de luta contra o crime organizado do MP Paraguaio. Ele relatou em entrevista que os documentos foram entregues a Ronaldinho num salão VIP do aeroporto internacional Silvio Pettirossi quando se deu sua chegada ao Paraguai. E que os passaportes eram verdadeiros, mas pertenciam a outras duas pessoas paraguaias. Estavam adulterados

A promotoria e a polícia paraguaia trabalham agora na checagem dos fatos com as informações recebidas. Os órgãos competentes têm 24 horas para apresentar um relatório, e uma possível pena para Ronaldinho e seu irmão. "Dentro da lei, vamos ver que medidas tomaremos", disse o promotor, após informar que a denúncia foi feita pela Policia Nacional.

OUTRO LADO - O advogado de Ronaldinho, em Assunção, Adolfo Marín, disse que seu cliente está sendo extorquido e que "não entende o que aconteceu". Disse ainda que sua primeira missão é tirar Ronaldinho e Assis da condição de cidadãos presos no Paraguai. Eles não podem deixar o país por tempo indeterminado. "Não entendo porque eles usaram esses documentos se podiam entrar no Paraguaio com qualquer RG do Brasil. Não entendo de documentos, mas acho que deram a eles por uma cortesia, um presente." O advogado informou ainda que Ronaldinho usaria sua imagem em um cassino da cidade.

O senador Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai e membro de uma coalizão de esquerda no país, disse que o episódio com Ronaldinho demonstra a existência de uma máfia dedicada a vender documentos falsos no Paraguai. "Não é uma coisa nova. Na década de 1970, tinha gente da Brigada Vermelha com passaporte paraguaio na Europa. Depois, veio a Máfia da Migração e tudo isso segue funcionando no país."

RONALDINHO E A JUSTIÇA - O ex-jogador fechou acordo em setembro de 2019 com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para liberar o seu passaporte brasileiro, que estava retido pela Justiça, o que o impedia de realizar viagens internacionais. Ele fez o pagamento, em valor que não foi revelado e acertado em acordo, que permitiu a liberação do documento. Estima-se que tenha sido R$ 6 milhões.

Anteriormente, Ronaldinho e seu irmão Assis haviam sido condenados por crime ambiental em Porto Alegre, em área protegida, no Lago Guaíba. A condenação os multou em cerca de R$ 8,5 milhões. E como não havia feito o depósito do valor, o passaporte do craque havia sido retido pela Justiça, assim como o de Assis.

No ano passado, o ex-jogador foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro como embaixador do Turismo. No fim de outubro, já com o passaporte liberado, viajou para disputar partida festiva em Israel. Desta vez, ele entrou no Paraguai com um passaporte supostamente falso, mesmo com o país vizinho aceitando o RG brasileiro como documento para entrada.

AFP

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis estão sendo investigados no Paraguai pelo suposto uso de passaportes adulterados para entrar no país, anunciaram fontes do governo na quarta-feira à noite.

Ronaldinho compareceu à promotora durante a manhã, junto ao advogado paraguaio Adolfo Marín, verificou a AFP.

De acordo com o investigador Gilberto Freitas, diretor do setor policial de investigação da Comissão de Atos Puníveis, Ronaldinho recebeu passaportes falsos das mãos do empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, com os quais entrou no Paraguai. Lira encontra-se preso.

O promotor Federico Delfino alertou que a falsidade dos documentos foi verificada desde a sua chegada no aeroporto de Assunção.

"Ao serem verificados no sistema e consultados pelos agentes de migração, evidentemente apresentaram passaportes paraguaios adulterados", disse Delfino em uma coletiva de imprensa.

"A partir desse momento foi apresentada a denúncia diante da promotoria e prosseguiram os trabalhos de inspeção onde foram encontrados passaportes adulterados e carteiras de identidade falsas", ressaltou.

A Justiça brasileira suspendeu o passaporte de Ronaldinho no final de 2018, quando lhe foi imposta uma multa de US$ 2,5 milhões, que nunca pagou. O ex-jogador foi multado por contaminar as margens do rio Guaíba, em Porto Alegre, ao construir um cais e uma plataforma em uma área de preservação ambiental, segundo a imprensa.

No ano passado, Ronaldinho e o irmão chegaram a um acordo com o MP para receber os documentos de volta.

Ronaldinho compareceu à promotoria para apresentar a documentação, onde foi confirmado que se trata de um caso de documentos originais com conteúdo falso. Os números do passaporte correspondem a outras pessoas.

O procedimento foi coordenado junto à polícia brasileira.

"Ao longo do dia de hoje vamos ver qual medida será tomada", ressaltou Delfino.

Segundo o ministro do Interior, Euclides Acevedo, os dois estão sob vigilância, mas livres.

"A Direção de Investigações (da Polícia) fez a denúncia ao Ministério Público. Nós, como autoridade, não podemos deixar passar esta irregularidade", afirmou Acevedo à imprensa.

Mais cedo, o ministro contou que a polícia compareceu ao local em que está hospedado o ex-astro do FC Barcelona em Assunção, onde agentes apreenderam passaportes de suposto conteúdo adulterado, confeccionados há alguns meses na cidade.

Ele explicou que a polícia percebeu que os documentos em posse de Ronaldinho e seu irmão não aparecem no sistema do país.

As autoridades que investigam o caso ordenaram a detenção de um cidadão brasileiro relacionado ao ex-jogador.

O ministro Acevedo afirmou que "este senhor Ronaldinho tem contas pendentes com a justiça brasileira".

O ex-craque Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto Assis prestaram depoimentos nesta quinta-feira perante o Ministério Público do Paraguai pelo suposto uso de passaportes adulterados para entrar no país, que exibiram na quarta-feira quando chegaram a Assunção vindos do Brasil.

Ronaldinho compareceu ao Ministério Público pela manhã, acompanhado pelo advogado paraguaio Adolfo Marín, informou a AFP.

Segundo o comissário Gilberto Fleitas, diretor de investigação da Comissão de Fatos Puníveis da Polícia, Ronaldinho recebeu os passaportes falsos com os quais entrou no Paraguai pelas mãos do empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira, que está detido.

O promotor de investigação Federico Delfino disse que a falsidade dos documentos foi detectada desde a sua chegada ao aeroporto de Assunção.

"Ao corroborá-lo no sistema e ao consultar agentes de migração, eles evidentemente apresentaram passaportes adulterados no Paraguai", disse Delfino em entrevista coletiva.

"A partir daí, a queixa foi registrada no Ministério Público e, em seguida, foram realizados os trabalhos de busca onde foram encontrados passaportes adulterados e carteiras de identidade falsas", acrescentou.

A Justiça brasileira retirou o passaporte de Ronaldinho no final de 2018, quando aplicou uma multa de 2,5 milhões de dólares, que o ex-jogador nunca pagou.

O astro foi multado por causar poluição nas margens do Lago Guaíba, na zona sul de Porto Alegre, onde construiu um píer e uma plataforma em uma área de preservação ambiental, segundo a imprensa brasileira.

Ronaldinho compareceu à procuradoria para a verificação da documentação que confirmou que se tratam de originais com conteúdo falso. Os números dos passaportes correspondem aos de outras pessoas.

O procedimento que recaiu sobre o ex-jogador do Barcelona e do PSG, entre outros, foi coordenado com a polícia brasileira.

"No decorrer do dia de hoje, veremos que ação tomar", disse Delfino.

O ministro do Interior, Euclides Acevedo, esclareceu que o ex-craque está em liberdade, mas disse que tem contas pendentes na Justiça de seu país.

"Nós, como autoridade, não podemos deixar passar esta irregularidade", afirmou Acevedo.

"Eles estão juridicamente livres, mas o Ministério Público determinará o destino deles", afirmou.

Ronaldinho chegou a Assunção na quarta-feira como filantropo para o lançamento de um projeto de saúde para crianças" e seu livro "Gênio da vida".

 

Advogado: R10 está 'em choque e não entende o que houve'

Na noite de quarta, o brasileiro Wilmondes Sousa foi detido no hotel onde estavam R10 e Assis. Ele é suspeito de entregar os documentos a Ronaldinho. A promotoria e a polícia têm até hoje para apresentar um relatório e pedir uma possível pena. Antes do escândalo, R10 foi tratado pelos paraguaios quase como um chefe de Estado e se deslocou por Assunção em uma luxuosa picape, com escolta policial. A virada começou à noite, quando a polícia e setores de investigação de imigração receberam uma denúncia e fizeram uma batida onde ele estava hospedado.

O advogado de Ronaldinho em Assunção, Adolfo Marín, disse que seu cliente está "em choque e não entende o que houve", e acrescentou: "Não compreendo porque eles usaram esses documentos se podiam usar no Paraguai carteira de identidade do Brasil. Mas acho que deram a eles por uma cortesia, um presente".

O episódio causou uma crise política no Paraguai e levou à renúncia do chefe do setor de Imigração, Alexis Penayo,

No Brasil, Ronaldinho teve seu passaporte retido por crime ambiental, após deixar de pagar multa de R$ 8,5 milhões. Mas, em setembro de 2019 fechou acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para liberar o documento.