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O dia mais importante do Flamengo nos últimos 38 anos finalmente chegou. Hoje, às 17h (horário de Brasília), o Rubro-Negro entrará em campo para duelar com os argentinos do River Plate, atuais campeões, pela final da Copa Libertadores da América, competição a qual o clube carioca não conquista desde 1981, com Zico, Júnior, Leandro, Adílio & cia. Por uma coincidência do destino, a volta do Flamengo a uma final de Libertadores acontece exatamente 38 anos depois: o título de 1981 também foi conquistado num dia 23 de novembro. Naquela edição do torneio, o Mais Querido venceu o Cobreloa, do Chile, em três jogos decisivos. Venceu no Maracanã (2 a 1), perdeu em Santiago (1 a 0) e voltou a vencer em Montevidéu, no Uruguai (2 a 0) — levantar a taça em um campo neutro seria outra coincidência armada pelos deuses do futebol. A reportagem do MEIA HORA conversou com Zico, ídolo maior dos rubro-negros, que falou sobre suas expectativas para o jogo de hoje, sobre a importância do técnico Jorge Jesus para o clube e sobre as comparações entre o elenco atual e o de 38 anos atrás.

MEIA HORA: Como vê a volta do Flamengo à final da Libertadores da América depois de 38 anos?

ZICO: A gente fica feliz como torcedor. Ver o Flamengo novamente em uma final de Libertadores e de uma forma muito merecida. Pelo grande futebol que está jogando e pela empatia que criou com a torcida neste ano. A gente quer ver o Flamengo sempre disputando títulos, como está acontecendo esse ano. Além da Libertadores, o time pode ganhar o Brasileiro.

MH: Qual é o melhor time: o Flamengo de 1981 ou de 2019?

ZICO: Não tem essa história de melhor ou pior. Eu acho que o time de 81 marcou história pelos resultados e conquistas, e tomara que esse time fique marcado na história do clube. A gente quer que o Flamengo ganhe e a torcida fique feliz. Isso é o que importa. Não pode comparar os times e as épocas. São tempos diferentes.

MH: O que espera do jogo com o River Plate? O Flamengo é favorito?

ZICO: Espero um jogo muito equilibrado. O River Plate é um ótimo time. Ano passado, enfrentei o River Plate pelo Kashima Antlers (Japão). Fizemos no início um bom jogo, mas eles têm muita qualidade. É um time que não pode estar desatento quando enfrenta. Por ser um jogo só, tem que estar muito concentrado. Eu, pelo o que eu vi do River, não está na mesma forma que no ano passado. Ano passado, se eles não tivessem botado um salto alto, eles poderiam até ter batido o Real Madrid no Mundial. Mas foram mal, acabaram perdendo nos pênaltis e foram eliminados. É um timaço esse ano. Pela campanha, nós podemos dizer que o Flamengo leva vantagem e é favorito, mas cada jogo é um jogo.

MH: Uma mensagem para o time atual rumo ao título?

ZICO: Eu acho que a mensagem que devo passar é de confiança total. Que Deus os abençoe e que eles possam botar em prática tudo que sabem. Eles mereceram essa condição, de disputar a final, e estão jogando um futebol muito bonito, com muita raça, habilidade e determinação. Muitos méritos de Jorge Jesus porque ele fez os jogadores entenderem o que é jogar no Flamengo. Agora é dar a vida em campo e botar tudo em prática para conseguir o título e ficar eternizado na história do Flamengo.

MH: Por falar em Jesus, como você avalia o trabalho dele?

ZICO: Ele, além de ser um excelente treinador, entendeu muito bem como é trabalhar no Flamengo. Claro que ele é importante, mas os jogadores também têm muito crédito neste ano. São jogadores muito qualificados, mas o dedo de Jesus é importante demais. O time dele faz um gol e vai atrás do segundo... Um cara que sabe ser gestor também.

MH: No atual elenco, alguém pode ser o 'Zico' do time de 1981?

ZICO: Eu acho que sou a última pessoa para responder isso. É uma situação diferente. Então, eu acho que o Flamengo de 81 não dependia de mim. Eu era importante, é claro, mas era um time que era praticamente uma seleção brasileira. Eu, pelo talento que Deus me deu, eu pude ajudar o time a conquistar o título, mas não pode colocar apenas Zico como responsável. Em 2019, também penso igual. Cada jogo tem um destaque. Às vezes, quando um não está bem, o outro resolve. É assim mesmo. Se um não está em um bom dia, o companheiro vai lá e resolve. Está sendo assim esse ano.

MH: Quem você acha que é o destaque do Flamengo nesta campanha da Libertadores?

ZICO: O Flamengo tem vários destaques, mas a maior força é o conjunto. Tem dois atacantes superdecisivos, dois armadores excepcionais e, com a chegada dos dois laterais experientes, isso ajuda e muito. O achado que foi o Gerson também. Eu acho que o time está muito bem encaixado. Gerson chegou muito bem. O entrosamento da zaga é sensacional. E o Diego Alves toda vez que é preciso faz uma grande partida. É um conjunto muito bom.

MH: Você, é claro, torcerá para o Flamengo. Fez alguma promessa para ver o clube do seu coração sendo bi da Libertadores?

ZICO: Eu nunca fiz promessa na minha vida e não vai ser agora depois de velho. Eu estarei na torcida sempre. Isso não vai faltar. O Flamengo, o clube e a torcida merecem esse título da Libertadores. O trabalho está sendo muito bem feito.