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'Transformar tudo de grandioso em títulos'

Rio de Janeiro, 22/11/2018 - ESPECIAL - O candidato a presidência do Flamengo  Ricardo Lomba . Foto: Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro, 22/11/2018 - ESPECIAL - O candidato a presidência do Flamengo Ricardo Lomba . Foto: Luciano Belford/Agência O Dia -

Escolha do atual presidente, Eduardo Bandeira de Mello, Ricardo Lomba vê sua candidatura como um desejo do seu grupo, SóFla, de continuar com o trabalho dos últimos seis anos. Atual vice de futebol rubro-negro e auditor fiscal da Receita Federal, ele acredita que o Flamengo está resolvido financeiramente e crê estar na hora de conquistar os títulos já em 2019.

MEIA HORA: Por que ser presidente do Flamengo?

RICARDO LOMBA: Não é um projeto pessoal. Faço parte de uma gestão que vem fazendo um excelente trabalho e se credencia a permanecer no comando do Flamengo pelo próximo triênio. Buscamos alguém que tivesse as condições para ser candidato e surgiu meu nome. É um projeto de um grupo que vem fazendo belo trabalho.

Quais serão os desafios da nova gestão?

Passamos num primeiro momento de saneamento das finanças, recuperação da credibilidade e da saúde financeira. Depois, estruturar melhor o clube. Falamos do novo módulo profissional do CT que ficará para a base, dos ginásios da Gávea que foram reformados, do dojo, da piscina. Tem uma série de melhorias que fizemos. Então, o grande desafio passa a ser a conquista de títulos. Tivemos excelentes resultados nos esportes olímpicos, mas o futebol ficou devendo. É transformar tudo de grandioso que foi feito em títulos no futebol. Nossa base evoluiu bastante, ganhou títulos e revelamos jovens jogadores que serviram aos profissionais. O grande desafio é ser campeão no futebol e acho que estamos bem próximos, já a partir de 2019.

Como pretende aumentar as receitas do clube ?

Estamos num círculo virtuoso nessa direção. Você tem o Flamengo que readquiriu credibilidade e mostrou toda sua responsabilidade financeira, que honra seus compromissos, pagando suas dívidas. A bancária está quase equacionada, em torno de R$ 30 milhões. E a dívida pública também já está equacionada no Profut. São aspectos que trazem patrocinadores e fazem empresas quererem ser parceiros do Flamengo. Esse é o grande diferencial, de olharem que é um clube sério e que o dinheiro empregado dará retorno. Essa é a forma de aumentar as receitas.

E as dívidas? Tem um plano para quitá-las?

A dívida bancária será paga no próximo ano. E ficaríamos só com a pública, que está absolutamente equacionada. A pergunta é se a gente precisa quitar ou se pode ter uma dívida controlada que se pague com fluxo de caixa tranquilo e que o dinheiro seja investido em outras áreas? O que fazemos é ter dívida controlada. Não vejo necessidade a curto prazo de correr para pagar uma dívida que está equacionada com financiamento do Profut e que conseguimos pagar ao longo do tempo com um fluxo de caixa razoável.

Como melhorar o programa do sócio-torcedor?

O programa vem sendo melhorado desde o seu lançamento. Estamos hoje com 100 mil sócios-torcedores. Acho que o que precisa para dar alavancada boa é o estádio, de maneira que possamos fazer promoções, vender tíquetes para a temporada, programas de visita ao estádio e vestiários. Uma série de situações que estamos trabalhando, como a fidelização, que é um aspecto importante. Já evoluímos, mas obviamente precisamos caminhar para evoluir mais.

Pretende participar da licitação do Maracanã?

Tivemos uma conversa com o governador eleito (Wilson Witzel) e ele quer conhecer melhor a situação jurídica para abrir licitação com a participação dos clubes. É um cenário que agrada o Flamengo porque temos condições administrativas, financeiras e operacionais de administrar o estádio. Claro que precisaria fazer alguns ajustes, mas essa seria uma ótima opção. Mas não podemos ficar indefinidamente parados esperando. Precisamos conhecer a proposta do governo e o prazo para dar os próximos passos. Se a licitação for um processo lento partiremos para construir nosso estádio.

E o projeto de um estádio?

Estádio próprio já temos, é o José Bastos Padilha (Gávea), que vamos torná-lo operacional novamente. A arquibancada está em fase final da primeira etapa da obra. Depois faremos mais duas para comportar 5 mil pessoas com segurança. Vamos trazer jogos da base, do feminino e do futebol americano. E também uma demanda da torcida, que é trazer treinos esporádicos para aproximar torcedor e sócios dos jogadores. Para não ficar na dependência da licitação do Maracanã, estamos negociando com três terrenos e muito em breve esperamos anunciar um termo de intenção de compra para a construção de um estádio para 50 mil pessoas.

Pretende mexer na estrutura do futebol?

Acho que temos estrutura boa, com vice de futebol, diretor-executivo e quatro gerências (profissional, base, centro de excelência e performance e tem o centro de inteligência). Estamos estabelecendo nova metodologia e processo de trabalho, principalmente na parte de prospecção de jogadores, de ida ao mercado para verificar possíveis contratações. Já temos avançado bastante e acho que esse é o grande salto de qualidade. Ficaremos bem servidos.

E a escolha do técnico para 2019? Quando pretende resolver a situação?

É uma questão que peço licença de me manter afastado porque ainda temos campeonato sendo jogado e um treinador contratado até o fim de dezembro. Não é inteligente falar sobre qualquer tipo de mudança. Estamos há algum tempo fazendo planejamento e se tivermos a felicidade de ser eleito daremos continuidade. Caso não, entregaremos para o próximo presidente e será decisão dele.

Qual será o perfil do elenco para 2019?

Sempre tem que buscar o perfil do Flamengo, que é vencedor, de identificação com torcida, raça e comprometimento. Jogadores que tenham noção do que é Flamengo, do que representa jogar pelo clube.

Pretende fazer contratações de peso maior?

Acho que a contratação do atacante Vitinho (em julho, junto ao CSKA, da Rússia) mostra que Flamengo é um time com saúde financeira e que pode fazer contratações. Mais do que nome de peso precisamos entender eventuais carências do elenco em função de esquema e do que se espera em campo para partir para o mercado. E claro, se tiver nome de peso que se encaixe nas características e que caiba no orçamento, iremos contratar. Flamengo não fará em hipótese alguma qualquer tipo de aventura financeira em que não possa honrar os compromissos. Com muita sobriedade e responsabilidade vamos ver o que podemos e devemos fazer para tornar o Flamengo ainda melhor. Em todo time é importante ter jogadores de referência e se puder desenvolver em casa do que contratar, muito melhor.

Quais os projetos para a Gávea?

É um outro desafio que já temos avançado, com conquistas. Fizemos muitas obras, reformamos todos os banheiros e os três ginásios, colocamos piscina olímpica reconhecida como uma das melhores do mundo, se não a melhor. O dojo hoje também está entre os melhores do Brasil. Recentemente inauguramos o cinema do Flamengo, com programação para o público infantil e para adultos. E vamos atender a uma demanda antiga dos sócios, que é o bar temático. O projeto já está pronto. Será o Flabar, além de desfrutar o restaurante, poderemos assistir aos jogos em telões. Também teremos nova sauna, construiremos nova academia e já temos todas as licenças e projeto aprovado para a Arena Multiuso.

Como melhorar os resultados dos esportes olímpicos?

Os esportes olímpicos, apesar das críticas, têm sido bastante vitoriosos. Nesse período, foram 251 conquistas, o que representa um título a cada 8 dias. O basquete é campeão mundial, estamos agora com dojo de primeiríssima linha, o mesmo acontece na ginástica artística. Obviamente precisamos investir mais e é o que faremos com natação, polo aquático, vôlei feminino adulto. Em relação ao remo, já temos feito investimentos fortes, reformamos toda estrutura. O que nos dá total convicção de que já em 2019 recuperaremos a hegemonia no remo. Pensamos que os esportes olímpicos precisam também ter captação de receita, de patrocínio próprio. Uma inovação que pretendemos implementar é colocar um departamento de marketing específico.