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'Pelo menos um título por ano'

Entrevista com a candidato a presidência do Flamengo Marcelo Vargas. Rj, 21 de novembro.
Entrevista com a candidato a presidência do Flamengo Marcelo Vargas. Rj, 21 de novembro. -

E x-presidente da Torcida Jovem Fla, Marcelo Vargas entrou para a política do clube quando foi eleito para o Conselho Fiscal durante a gestão de Patrícia Amorim. Aos 44 anos, o candidato da chapa branca ("Flamengo Tradição e Juventude") promete um choque de gestão no futebol e quer auditoria nas contas rubro-negras.

MEIA HORA: Quais serão os desafios para o triênio?

Marcelo Vargas: Primeiro temos de voltar à essência rubro-negra. O Flamengo está se afastando do seu perfil, das suas tradições e isso se reflete nos resultados. Queremos choque de gestão rubro-negra. Outro ponto que nos preocupa são os gastos, principalmente no futebol. Estamos percebendo que isso vai gerar crise maior.

Como pretende aumentar as receitas?

Vamos fazer auditoria detalhada de todas as contas. Queremos ver de fato o que acontece, porque o balanço é um labirinto. Queremos saber para onde está entrando dinheiro. Fazendo isso, vamos nas empresas com quem temos contrato para saber por que querem diminuir as receitas. O Flamengo não pode ser prejudicado. Além de aumentar a arrecadação, tem que diminuir o gasto, que é exorbitante. E vejo um meio de arrecadação no programa de fidelização que vamos implementar.

Tem uma meta para o pagamento das dívidas?

Primeiro tem que saber quanto realmente é. Estou muito preocupado e quero saber qual o valor real da dívida. A gastança nos últimos anos é inadmissível. Por que precisa pegar dinheiro emprestado para ter fluxo de caixa? Só com uma auditoria independente poderei responder. Queremos pagar as dívidas, mas tão importante quanto isso é não adquirir novas.

Como melhorar o programa de sócio-torcedor?

O programa é fracassado. Você paga muito caro e a forma como o sócio-torcedor é tratado é desrespeitosa. Ele passa por uma via-crúcis para ir ao jogo. Tem que otimizar o sistema e já temos um pronto para ser posto em prática, que é um aplicativo. Você terá pré-cadastro e vai poder entrar no estádio com seu celular. Outra situação que nos incomoda é que, para ser sócio-torcedor, precisa ter cartão de crédito. Acaba excluindo grande parte da torcida. O torcedor terá o seu boleto para pagar na loteria. Flamengo é paixão e tem que saber gerir uma nação. Outra coisa, o sócio-proprietário, na nossa gestão, vai ter prioridade nos ingressos.

Quais os planos para o Maracanã e para outro estádio?

Não vou ser covarde e demagogo de falar que vou construir estádio. O que tenho de meta é pôr a pedra fundamental para começar a construção. Outro ponto é que já temos estádio e vamos ampliar a capacidade da Gávea com o mesmo projeto e estrutura da Ilha. Não pagaremos aluguel e vai otimizar a sede como um todo. Não precisamos de autorização de ninguém, só ter força política para marcar os jogos. E, sobre o Maracanã, o futuro governador já disse que vai fazer nova licitação e aceita o Flamengo na administração. É nessa linha que queremos participar ativamente. Além disso, vamos decidir a Taça Guanabara no Maracanã sem as arquibancadas atrás do gol. Teremos setor popular.

O que pretende mudar na estrutura do futebol?

O problema do Flamengo não é o técnico ou o jogador. É de gestão. Quem está no departamento vai aprender o que é Flamengo. Vamos acabar com a terceirização, dinheiro está sendo jogado fora. Temos uma meta bem clara e se não ganhar um título por ano a gente renuncia. E, se em três anos não conquistarmos a Libertadores, não tentaremos a reeleição. Não é demagogia, é fato, é Flamengo. Outra situação que vai acabar é a tal da central de inteligência, que é burra. Não pode errar tanto. A porcentagem de erros bate 90% e são contratações caras.

Qual o perfil do elenco para 2019? Pretende reformulá-lo?

Primeiro temos que priorizar a base. Não acho o elenco atual ruim e não vou ser irresponsável de denegrir ativos do clube. O que vejo é má gestão. Acho o elenco caro e inchado. Vamos analisar caso a caso, avaliar custo-benefício. E tem que parar de só contratar jogador da Europa com idade avançada ou sul-americano. Falta imaginação para o futebol do Flamengo.

E como será a política de reforços?

Não vamos sair contratando, temos muitos jogadores. Nossa gestão será responsável, cada centavo será acompanhado e só vamos gastar o que tiver orçado. Dá para fazer muito mais com muito menos, só entender o que é Flamengo. Temos que detectar o atleta com perfil rubro-negro, em que a camisa não pese.

Quais os planos para a Gávea?

O Flamengo hoje está torto, só fica na parte da piscina, que vive em obras. Com o aumento da capacidade do estádio, a área da bocha e do restaurante, que está abandonada, vai voltar a ser usada. A Arena Maestro Júnior voltará a ser usada para o futebol de areia. Também teremos eventos culturais, não sei porque parou. Pensamos em ocupar toda a Gávea. A sede voltará a ter treinos antes dos jogos para os jogadores sentirem o calor do sócio e do torcedor. Também queremos fazer um restaurante panorâmico com vista para a Lagoa.

O que pretende fazer com os esportes olímpicos?

Criar um mínimo orçamentário. Não pode o esporte olímpico viver só de projeto incentivado. Outra situação que nos incomoda muito é em relação ao Remo. O Flamengo nunca perdeu tanto! E o basquete vem caindo de produção... Eles nunca se preocuparam com esporte olímpico e agora, com medidas eleitoreiras, querem fazer mudanças pontuais que não deixarão nenhum legado. Tudo está abandonado e é uma das nossas prioridades.