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'Estou me sentindo de alma lavada', afirma rainha de bateria da Viradouro

Raissa Machado fala sobre a volta da agremiação ao Grupo Especial

Após a vitória da Viradouro, a Rainha de Bateria foi para a quadra comemorar com seus súditos
Após a vitória da Viradouro, a Rainha de Bateria foi para a quadra comemorar com seus súditos -

Rainha de Bateria da Viradouro, campeã do Carnaval 2020, Raissa Machado está radiante com a vitória da escola. À coluna, a morena fala sobre a emoção de conquistar o título, conta que quer desfilar pela agremiação até ficar bem velhinha, derrete-se pela filha, Nicole, de 5 anos, e diz que seu casamento com o vereador Paulo Bagueira é baseado na confiança. Confira a entrevista!

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O que você sentiu quando a Viradouro foi anunciada como campeã?

Estou me sentindo de alma lavada, sem dúvida. A Viradouro fez um desfile empolgante e de visual de impacto, enaltecendo a história da mulher negra no Brasil. As Ganhadeiras de Itapuã, além de um enredo forte, em termos de competição, é também muito impactante no sentido de reflexão. À medida que fui me aprofundando no enredo, fui me apaixonando mais e mais. E posso dizer que conhecer sobre elas, certamente, mudou muita coisa para mim. É uma história que o Brasil precisava ver.

Você está há sete anos reinando à frente da bateria da Viradouro. Continua no posto no ano que vem?

Ser Rainha de Bateria sempre foi um sonho para mim. É um cargo ao qual me dedico muito, tenho muito amor e afinidade tanto com os ritmistas quanto com a comunidade. Esse carinho mútuo se fortalece mais a cada ano, a cada ensaio. Por mim, ficaria para o resto da minha vida. Me vejo bem velhinha desfilando com a minha escola (risos). Mas o futuro a Deus pertence! Gosto muito de viver o momento e sinto que esse é o meu melhor momento. Em todos os aspectos. Já vivi várias fases na minha Viradouro. Chorei, sorri, gritei. E sempre me dediquei muito. Amo ser Rainha, amo Carnaval e a minha escola. Me realizo como mulher, sambista, torcedora... Então, se vierem mais sete, mais 10, estou de coração aberto e me sentiria ainda mais realizada.

Qual a sua relação com os integrantes da escola?

É difícil descrever uma coisa em que tem tanto amor envolvido. Posso dizer que sou apaixonada pela minha comunidade. Eles são sensacionais e me receberam e continuam me tratando sempre com tanto carinho, amor e respeito que me emociona pensar sobre isso. Em contrapartida, não me vejo apenas como uma Rainha. Me vejo como qualquer outro componente da comunidade, lutando e se entregando a cada ano pra buscar o campeonato. Isso é muito fruto desse tratamento que recebo deles. Somos uma família e me sinto muito à vontade perto deles. Eu amo a minha comunidade, amo a minha Viradouro!

Você está há anos na Viradouro. Desfilaria em outra escola?

Eu estou há 13 anos na Viradouro, sendo sete como Rainha de Bateria. Não posso dizer que nunca desfilaria em outra escola, porque, como seres humanos, estamos em constante mudança, inclusive de pensamentos. Mas neste momento, eu, Raissa, não me vejo em outra que não seja a Viradouro. Eu amo o meu pavilhão.

Se perdesse o posto de Rainha da Viradouro, desfilaria em outra ala da escola?

Eu amo a minha Viradouro e desfilaria nela em qualquer outro posto, desde que fosse nela.

Além de desfilar na Sapucaí, você curte o Carnaval de rua?

Eu sou bem mais do Carnaval da Sapucaí. É difícil de explicar, porque é um misto de sensações muito grande. Acho que, primeiro, vem o peso da responsabilidade de representar o seu pavilhão. Mas tem também o amor, que transborda no peito e supera qualquer coisa que seja. Acho que a melhor sensação de estar na Avenida é você sentir a energia do público, as batidas da bateria pulsando no mesmo ritmo que o coração. É tudo tão incrível, tão mágico! A gente se sente um verdadeiro popstar ou astro do rock. Mas este ano também desfilei com o Bloco Pra Comer Tem Que Chupar, em Niterói, que fez uma linda homenagem a mim, me elegendo como tema do enredo deles para este ano. É muito emocionante para aquela menina que chegou em Niterói, sem nem ter o que comer direito, poder se ver onde estou agora. Tenho que agradecer a Deus e a toda a minha comunidade. Todo esse carinho é muito recíproco.

Como segue sua agenda após o Carnaval, Raissa?

No resto do ano, sou mãe, esposa e dona de casa. Me desdobro para dar conta de tudo isso e ainda seguir bonita, com tudo no lugar e sambando. É um desafio, mas faço tudo com amor e realização.

Além de samba no pé, você deu um show de boa forma na Sapucaí. Muita gente comentou sobre seu corpão. Pode contar seus segredos de beleza?

Eu treino com personal de três a cinco vezes na semana e procuro comer, durante a semana, alimentos com mais proteína do que carboidrato. Também acho muito importante beber muita água. Além disso, faço suplementação com whey e glutamina e respeito os horários da alimentação. Principalmente o tempo de descanso do corpo. Mas tudo sem exageros. Acredito que o segredo para tudo na vida está no equilíbrio. Durante o ano, como um pouco mais do que gosto, pois amo comer. Quando chega mais próximo do desfile, faço uma alimentação saudável. Porque gosto de ir para o desfile mais sequinha. Além disso, também não dispendo alguns cuidados estéticos. Vou pelo menos duas vezes por semana à clínica, onde faço procedimentos como o SS Slim, um programa recente para redução de gordura corporal e aumento de massa magra.

Como é a Raissa longe dos holofotes do Carnaval? É uma mãezona?

A Nicole é meu complemento. Somos ligadas de verdade. Nicole me surpreende por demais, no seu jeito de olhar, atitudes e amadurecimento. Por diversas vezes, ela me coloca no colo dela e me faz carinho, fala que me ama, que sou a mamãe dela do coração. Ela é minha companheira de mercado, farmácia, brincadeiras, cozinha, bagunças, conversas... Ela é a metade que me faltava.

Você é linda e no Carnaval chama ainda mais atenção. Seu marido fica com ciúme?

Não. Nós temos um relacionamento muito maduro baseado na confiança, no amor e no respeito.

Você é nascida em São Luís, do Maranhão. O que te fez vir para o Rio?

Quando minha mãe pegou a gente, eu tinha de 2 para 3 anos, e meus dois irmãos. Ela veio de uma separação. Meu pai foi ter outra família e minha mãe ficou desesperada, porque tentaram tirar a gente dela. Então, pegou a gente de baixo do braço e trouxe para o Rio de Janeiro. Nós viemos morar com a minha tia. Ela que dava educação, dava escola. E minha mãe começou a trabalhar como porteira de um condomínio, onde a gente morou por muitos anos, num apartamento bem pequeno, sala quarto, cozinha, banheiro. Isso durante a minha vida quase toda, saí de lá com 23 anos de idade, depois que conheci meu atual marido. E a gente passou por muita coisa. Porque foi muito sofrido para a minha mãe, com três crianças, a gente morava de favor. Se não fosse minha tia, talvez a gente nem estivesse aqui. Tive a ausência do meu pai. Na verdade, hoje eu consigo chamar de pai. Depois que me tornei mãe, consegui perdoar essa ausência dele. Lá no Maranhão, a gente não passou fome, porque a minha mãe tinha um pão e dividia para três. Ela não dividia para quatro. Ela ficava sem comer para dar pra gente. Vim do Maranhão e conquistei o mundo, porque o Carnaval carioca é visto pelo mundo inteiro.

Você sempre gostou de Carnaval?

O Carnaval é uma das maiores paixões da minha vida. É uma coisa que eu sempre quis para a minha vida e que me deixa muito realizada em todos os sentidos.

 

Após a vitória da Viradouro, a Rainha de Bateria foi para a quadra comemorar com seus súditos fotos Cléber Mendes
Carnaval 2020 - Desfile da Escola de Samba do Grupo Especial, G.R.E.S Viradouro, no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no centro da cidade do Rio de Janeiro neste Domingo (23). Foto: Daniel Castelo Branco/Agência O Dia Daniel Castelo Branco/Agência O Dia
Raissa reinou deslumbrante à frente da bateria da Viradouro Daniel Castelo Branco
Rio,02/12/2019 - LAPA- Rainha de bateria da Escola de samba Unidos do Viradouro. Na foto, Raissa Machado .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes
Rio,02/12/2019 - LAPA- Rainha de bateria da Escola de samba Unidos do Viradouro. Na foto, Raissa Machado .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes
Rio,02/12/2019 - LAPA- Rainha de bateria da Escola de samba Unidos do Viradouro. Na foto, Raissa Machado .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes
Rio,02/12/2019 - LAPA- Rainha de bateria da Escola de samba Unidos do Viradouro. Na foto, Raissa Machado .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia Cleber Mendes
Raissa Machado com o marido, Paulo Bagueira, e a filha, Nicole, de 5 anos reprodução do instagram