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MC Cabelinho revela que sente saudades de quando morava nas favelas da Zona Sul do Rio

Funkeiro faz um balanço da vida antes e depois da fama

MC Cabelinho estreia como ator em 'Amor de Mãe'
MC Cabelinho estreia como ator em 'Amor de Mãe' -

Victor Hugo Nascimento, conhecido como MC Cabelinho, encara mais um desafio em sua carreira. Funkeiro de sucesso, o jovem, de 23 anos, faz sua estreia como ator na novela Amor de Mãe, da TV Globo. À coluna, ele fala sobre seu personagem, Farula, sua relação com o complexo de favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, onde nasceu e foi criado, amizade com Regina Casé e mais. Confira a entrevista! 

Como surgiu o convite para o teste da novela?

Foi através da Maria (Andrade), que também fez participação no 'Poesia Acústica'. Ela disse que a Marcela Bérgamo estava procurando pessoas para o teste, e citou meu nome: 'Traz o Cabelinho!'.

Qual foi a sensação ao saber que passou?

Mano, fiquei muito feliz quando passei. Nem acreditei, tá ligado? Pensei: 'Pô, agora uma nova fase se inicia na minha vida.

Seu personagem é o Farula, que é um dos ajudantes da traficante de bebês Katia (Vera Holtz). Conta um pouquinho sobre ele?

O Farula, cara, ele é um personagem frio. O público pode esperar muita frieza dele. Ele é um traficante, tá ligado? Acho que a minha vivência em comunidade, minha essência, me ajudam a 'amadurecer' o Farula. Pra nós, que somos favelados, e sofremos desde novos, batalhando, trabalhando desde cedo, isso vai nos dando força.

Acha que o Farula vai ser muito odiado nas ruas?

Eu não sei se vai ser odiado na rua, não. Até então, parece que o povo gosta do Cabelinho, então, acho que o povo está mais feliz que eu tô fazendo novela. Só vai odiar quem não conhece o Cabelinho.

Você antes de ser ator, era noveleiro? Se sim, qual novela mais gostou de acompanhar?

Nunca fui de ver novela. Já vi de relance, porque minha família sempre viu.

Como está sendo atuar com grandes ícones da TV?

Está sendo maior satisfação estar na Globo, em uma novela das 21h, que é a principal. Atuar com esses atores grandes é a maior satisfação. Às vezes, nem acredito. A Vera Holtz é um amor de pessoa. Aquela mulher... Sem palavras! O pouco tempo que fiquei com ela, aprendi muito.

Soube que você é um dos novos queridinhos da Regina Casé, é verdade?

Se sou um dos queridinhos dela, não sei, mas a gente está construindo uma afinidade, uma amizade. A gente tem se falado sempre. Toda vez que a gente se vê, a gente troca ideia e dá risada.

Está conseguindo conciliar as duas carreiras (ator e cantor)?

Conciliar as duas está sendo correria total, mano. Às vezes tem gravação no final de semana e eu tô em outro estado. Tenho que pegar um voo voado para vir para o Rio. É uma correria intensa, mas que a minha produção está sabendo lidar. Aos poucos, estamos encaixando as paradas.

São quantos shows por mês?

Cara, não sei quantos shows faço por mês, não. Não sei se são 30 ou 40.

Você já teve outras profissões?

Antes de começar a cantar, eu fazia bicos. Já ajudei meu primo na oficina de carro, já trabalhei com meu tio montando persiana, trabalhei com meu outro tio de ambulante em Copacabana, no final do ano. Já trabalhei em loja de shopping, fui estoquista. Fazia esses bicos para garantir uma merreca.

Você é nascido e criado no complexo de favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Zona Sul do Rio. Ainda tem amigos lá, costuma a visitar a comunidade?

Sim. Eu ainda vou no morro. Sempre que posso. Toda semana eu quero estar lá. Eu queria estar lá todo dia, na real, mas não posso, porque a correria tá grande. Tenho amigos lá, família. Costumo visitar. Eu amo aquele lugar. Eu só saí de lá mesmo devido ao acesso, entendeu? Vai que eu tenho um compromisso na rua, show em outro estado, e a bala tá comendo? Como é que eu vou descer do morro? Ainda, infelizmente, existe a violência. Então, eu tive que sair, só por questão de acesso. Porque, se não fosse isso, eu não sairia.

Você, como a maioria dos moradores de comunidade, deve ter visto amigos se desvirtuando e indo para o mundo do crime. O que te fez nunca seguir esse caminho?

Tenho amigos que estudaram comigo e estão na vida do crime. O que nunca me fez seguir esse caminho foi o meu sonho, tá ligado?

Como é sua relação com os fãs?

É muito fo**. Eu falo com meus fã-clubes pelo direct no Instagram. Às vezes, eles pedem para entrar no meus shows, e eu boto o nome deles na lista, e eles entram. Levam presente para mim. 

Já ficou com fãs, Cabelinho?

Nunca fiquei com fã, nem pretendo. Acho que é uma burrice grande. Porque, se você fica com fã, acaba perdendo um fã. Depois que você ficar, não vai ser olhado com os mesmos olhos. É melhor deixar o fã sendo apenas fã.