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'Não precisei fazer teste do sofá', revela Susana Vieira

Atriz dá um banho de autoestima e conta que o trabalho a rejuvenesce e que é fundamental para quitar os boletos. Confira!

Susana Vieira
Susana Vieira -

De volta às telinhas como a tia Emília, de Éramos Seis, da Globo, Susana Vieira dá um banho de autoestima e conta que o trabalho a rejuvenesce e que é fundamental para quitar os boletos. Ah, aos 77 anos, a atriz conta que morre de medo de ficar pobre, e, por isso, emenda uma novela atrás da outra.

Susana, você está de volta às novelas como a dúbia Emília, no remake de 'Éramos Seis'. É mais difícil participar de uma trama que já foi feita anteriormente?

"Eu não tive nenhum problema, nem por ser remake, nem por não ser um papel grande, como o Silvio de Abreu me alertou quando me chamou. A Globo não é doida, ela faz uma pesquisa para saber o que o público está querendo. Então, se o público está querendo uma novela como 'Éramos Seis', fico superfeliz de estar fazendo. Para mim, é uma grande alegria. Inclusive, por trabalhar com Glorinha (Glória Pires), que a gente a pegou no colo com quatro aninhos. Hoje ela é minha mãe, me cuida".

Vocês fazem aniversário no mesmo dia, né?

"Sim. Esse ano comemoramos juntas. Minha família está inteira nos Estados Unidos e ela me levou para jantar com a família dela. Foi ótimo!"

A Emília, sua personagem, é uma tia rica. Ela vai ajudar a família da Lola (personagem de Glória Pires)?

"Não, claro que não. Por isso que estou na novela, para fazer a tia má (risos)".

A Emília é uma viúva solitária, você já se identificou com ela em algum momento da vida?

"Ela é uma mulher amargurada porque é fina, família aristocrata e tem uma filha com distúrbio mental (Justina, vivida por Júlia Stockler). Tenho que falar certinho no politicamente correto para não ir depois para o Instagram e eu ser presa. Ela tem vergonha de contar para a família sobre essa filha".

Você já teve contato com pessoas que tivessem vergonha de seus filhos?

"Conheço duas pessoas, que são conhecidíssimas inclusive, que tiveram filhos com problemas mentais que nunca mostraram pro público. Acho que hoje em dia, com esse negócio de internet, tanta literatura sobre doenças, fica mais fácil de explicar num colégio. Mesmo assim, acredito que as pessoas sofrem muito preconceito".

A Emília não chega a ser uma vilã, certo?

"Não. Ninguém vai fazer mal para ninguém nessa novela. Não é uma novela típica, e é isso a que difere, o motivo pelo qual todo mundo quer rever. Não existe assassinato nem a outra querendo pegar fábrica de ninguém (risos). Eu acho que é uma novela das antigas, sem esses problemas de crimes, assassinatos, tão em voga hoje e que seguram uma novela das nove. Isso tudo a gente vê no 'Jornal Nacional': roubos, corrupção, delação, feminicídio. Então já basta o jornal".

Você é muito querida pelos jovens que adoram fazer memes com você. Como se sente em relação a isso?

"É maravilhoso. Eles é que sacaram quem eu sou, pelo que falo, pelas entrevistas que dou, pelos namorados que tenho. Então, acho que eles tiraram conclusões a meu respeito".

O trabalho faz bem à saúde?

"Meu amor, tá aqui. Bonita, renovada, não sei mais o que dizer, mas o trabalho me rejuvenesce, é a minha escolinha".

Você está com 77 anos. Teve algum momento em que você se olhou no espelho e se sentiu mal com a sua própria imagem?

"Nunca. Posso estar me sentindo gorda, como toda mulher. Tem mulheres magérrimas que se sentem gordas".

E de onde vem essa autoestima?

"Meu amor, aprenda a ter autoestima, aprenda! Eu não tenho o menor pudor e não me sinto uma diva, não. Eu me sinto bonita. Quero mostrar para as mulheres que não tem idade. Sejam felizes, tirem a roupa, fiquem nuas, namorem quem vocês quiserem, beijem na boca de quem quiserem. E o mais importante é: sejam livres e não dependam de homem. Não pode depender de homem em nenhuma hipótese".

O que te tira o sono?

"Morro de medo de ficar pobre, mas tenho cinco apartamentos pra vender antes de falir. E ainda tenho muita coisa para realizar, no mínimo uns vinte anos de vida pela frente para deixar muita gente feliz. Pode ter certeza".

Você se arrepende de alguma coisa?

"Acho que abri mão da minha vida pessoal por causa do trabalho. Eu hoje tenho essa consciência, e algumas vezes me perguntei se fiz bem ou mal, mas fui aceitando. Como na nossa profissão, seja teatro ou televisão, não existe um emprego fixo. Então, quando te convidam para um filme junto com um trabalho na TV, a gente faz tudo o que pinta por não ter segurança econômica. Mesmo eu hoje em dia, estou um pouco mais segura. Se parar de trabalhar quatro, cinco meses, aquele dinheiro lá, já gastei".

Você é muito gastadeira?

"Eu gasto dinheiro mesmo, não sou de guardar, quero ir toda hora para Miami (nos EUA), porque minha família mora lá, quero tomar aquela Dubai Emirados Árabes que é maravilhoso! Eu fui ver como era a primeira classe, e estou pagando até hoje (risos)".

Tudo o que você faz é sucesso, tanto que 'Por Amor', onde você interpreta a vilã Branca, colocou a audiência do 'Vale a Pena Ver de Novo' lá em cima. Qual o segredo dessa trama?

"Essa mania de eles acharem que televisão hoje em dia tem que ser 'oi, tudo bem', bateu a porta e acabou, é ruim. Hoje o texto é um estresse e você não entende o que eles falam. Quando você levantou para fazer um pipi, o cara que era marido da outra, já virou gay na outra cena, tão rápido que você nem viu onde foi que ele arrumou o bofe. Qualidade não se muda. Enquanto Manoel Carlos esteve no ar, ele foi bom. Ali é papo, é vital, natural, e a única pessoa que faz um pouco de maldade, não mata ninguém que sou eu (risos)".

Pela primeira vez 'Éramos Seis' vai ter uma abordagem feminista. Você que se comunica com mulheres, o que pensa sobre essa abordagem?

"Eu conheci minha mãe trabalhando. Então, para mim feminismo nunca significou botar uma camiseta escrita 'não encosta em mim'. Eu mesmo falei para as pessoas não encostarem em mim. Homem é assim, se você der um pouquinho de confiança, eles serão machistas. Fiz o que quis, entrei na televisão a hora que eu quis, nunca dei para ninguém e não precisei fazer teste do sofá. O feminismo na minha vida existiu natural, porque fui trabalhar e trabalhar é muito bom, na televisão então, show de bola".

Você falou sobre 'A Dona do Pedaço', você tem gostado da novela?

"Eu adoro a Juliana Paes. Acho ela a minha cara na vida real. A gente está sempre com astral bom, ela é carismática, e a parte da novela que mais gosto é ela. Ela entrou e já tomou conta da novela. Amo a Paolla (Oliveira) também, mas gosto mesmo de ver a novela pelos atores. Quando são atores que não gosto, não vejo".