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Sucesso na web, Mulher Pepita diz: 'Tenho muito orgulho de ser travesti'

Pepita se lança como dubladora e promete fazer faculdade de psicologia no ano que vem

Pepita se lança como dubladora e promete fazer faculdade de psicologia no ano que vem
Pepita se lança como dubladora e promete fazer faculdade de psicologia no ano que vem -

Ela não para! Priscila Nogueira, mais conhecida como Mulher Pepita, se tornou um grande sucesso nas redes sociais — onde é seguida por mais de 600 mil pessoas —, através de sua música, conselhos motivacionais e muita militância. Agora, ela se aventura como dubladora da animação Free Girls. E confessa: "Estou de flerte com um pagodeiro". Confira! 

Pepita, como surgiu a oportunidade de dublar a animação "Free Girls", do projeto Cleo On Demande, no Instagram da Cleo?

Foi superengraçado, porque acho minha voz chata e virar um desenho é muito difícil. É cansativo, mas prazeroso. No entanto, tudo o que sirva para levar uma mensagem bacana, eu estarei presente. A letra "T" é uma das que mais morrem no Brasil, e eu, como travesti, sinto muito orgulho de fazer parte desse projeto.

Como é sua relação com a Cleo? Vocês se conhecem há muito tempo?

Quando a Cleo me convidou, eu topei na hora! As pessoas conhecem ela como aquela mulher sexy e gostosa. Eu conheço a verdadeira Cleo: uma menina do bem, tranquila, que gosta de ficar de camisão e rabo-de-cavalo em casa. A primeira vez que a conheci, pensei: "Gente, não acredito que ela está falando comigo". Em seguida, conheci a Gloria Pires, mãe dela, foi uma loucura. Fingi costume.

As pessoas estão amando os vídeos motivacionais que você posta no Instagram. De onde veio essa ideia?

Esse lance do vídeo é muito engraçado, porque sou assim desde a época da escola. Minhas amigas chegavam contando problemas e eu sempre tinha uma palavra. Gosto de falar o que estou sentindo no momento. Na Bienal do Livro, eu recebi o título de primeira travesti coach da internet. Foi assustador, porque nunca fiz um curso. Mas minha autoestima é tão grande que passa da cabeça do Cristo Redentor. Quando levo o meu amor próprio para as pessoas, sinto que o retorno é imediato.

Com uma rotina tão badalada, dá pra conciliar a carreira e ajudar tanta gente?

A minha imagem viralizou muito rápido. Às vezes, eu faço o vídeo, largo o celular e algumas horas aquilo virou uma comoção. Os seguidores me cobram, sim. Isso é um prazer. Eu trato as pessoas que me seguem como família. Eu não tenho esse negócio de fã. São minha família mesmo, pessoas que passam por sofrimentos que já passei ou então estão passando.

Essa experiência te motiva a estudar o tema?

Muito! No ano que vem, eu piso numa faculdade para cursar Psicologia. Eu vou frequentar as aulas como todo mundo. Enquanto eu existir, as pessoas vão ter que ouvir falar em travesti no teatro, na Bienal, no cinema e travesti na faculdade de Psicologia. Tenho muito orgulho de ser travesti.

Você estreou este ano na Bienal do Livro, justo no ano em que houve casos de censura a obras LGBTQI . Como foi viver esse momento?

O problema que a gente teve na Bienal não me incomodou em nada. Porque a gente é resistência e veio para ficar. E o livro "Cartas Pra Pepita" surgiu de um programa onde eu lia histórias de pessoas e dava conselhos. Gravei um piloto e 15 dias depois não quis mais. Eu levava todos os problemas pra minha casa. Só que um dia estava numa boate e um menino me disse que o programa o ajudava a superar problemas. No outro dia, eu estava gravando. O programa fez um ano e, a partir disso, o livro nasceu.

E no meio disso tudo como fica o coração da Pepita?

Eu estou solteira, mas assim... São aquelas coisas, né? (risos). Na realidade, eu gosto de pessoas, não importa. Pode ser uma menina, um menino, um homem trans... Se ele conhecer o tempero do amor, vai ser um casal perfeito comigo.

Mas sempre rola um flerte! Já ficou com famoso?

Eu nunca sofri preconceito no meio. As pessoas vêm e falam que adoram meus vídeos. Mas do lado dos homens famosos gatos eu fico um pouco mais nervosa. Rolam flertes... Alguns a gente ainda fala pelo Instagram. Ator de teatro e de novela. Agora estou de flerte com um pagodeiro, amo um pagode!

Você fica bem solteira, mesmo com um contatinho aqui e outro ali?

Eu não preciso ter alguém pra ser feliz. A única coisa que eu preciso é me amar e me respeitar. O mês que passou foi o Setembro Amarelo. Pra mim, o amarelo é o ano inteiro. As pessoas sempre precisam de uma palavra de carinho.

Algumas travestis, por falta de oportunidade, acabam indo para a prostituição. Isso aconteceu com você?

Eu nunca precisei, mas o dia que tiver que passar, se precisar, eu estou pronta. Se eu estivesse roubando que ficaria feio. Vou estar ali para pagar meu aluguel e colocar comida dentro de casa.

Hoje, artistas LGBTs estão fazendo sucesso. Qual a importância disso?

Ganhamos nosso espaço porque estamos lutando por ele diariamente. Precisamos de um país que respeite as diferenças. Simples!

 

Pepita se lança como dubladora e promete fazer faculdade de psicologia no ano que vem Divulgação
Pepita Reprodução do Instagram