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'Nunca senti frio na barriga'

Jorge Aragão estreia sua nova turnê, 'Jorge 70', no Vivo Rio, na Zona Sul do Rio

Seção de Shows do Guia Show & Lazer - Jorge Aragão
Seção de Shows do Guia Show & Lazer - Jorge Aragão -

Aos 70 anos, Jorge Aragão estreia hoje a turnê 'Jorge 70', no Vivo Rio, na Zona Sul do Rio. À coluna, o cantor fala sobre seus 40 anos de carreira, a relação com o público, a aposentadoria e muito mais. Confira!

Com 70 anos de vida e 40 de carreira, o que te motiva a continuar cantando e encantando o público, Jorge?

A motivação fica por conta desses músicos Brasil a fora. Eu sempre tenho informações — que até brincam — que não existe roda de samba em qualquer lugar desse país que não tenha umas cinco, seis músicas minhas tocando sempre. Então, eu acho que a motivação vem desses meninos e dos mais cascudos, que nem eu, que fazem parte desse universo musical. As músicas do meu repertório continuam vivas e muito bem executadas, tocadas. Na hora que começo a cantar, outras gerações vêm comigo, cantando, como se eu estivesse na mídia, com meus sambas tocando agora — até sambas de mais de 40 anos, como Malandro.

Você é um ícone do samba. Se sente lisonjeado com todo esse reconhecimento em relação ao seu trabalho?

Não tenho como mensurar isso. É um dom de Deus, uma coisa tão natural, orgânica. Me sinto lisonjeado, sim, e agradecido. É uma gentileza que esse povo faz com meu repertório. Porque a gente não impõe, não tem como programar isso para a carreira. A gente simplesmente deixa fluir a musicalidade ou não... A gente não consegue impor este reconhecimento. É uma coisa divina mesmo e é para se sentir lisonjeado e até bem mais que isso, muito agradecido também.

Você se imagina longe do samba? Já pensou em se aposentar? Parar de cantar?

Longe do samba, nem pensar, não há como. Aposentar... Nem sei se é esta visão. No tempo que eu saiba que as minhas pessoas, meus iguais, estão todos encaminhados, tudo direitinho, que eu não preciso ainda batalhar para poder manter e honrar com os compromissos que existem, então, a partir daí, vou tentar ficar quieto num canto, mas não tem como ficar longe da música, não. Quando digo quieto num canto é porque certamente eu vou estar compondo, tentando escrever alguma coisa a mais, até para alimentar meu estado de espírito, meu ego. Para que eu me sinta vivo porque estou compondo ainda, conseguindo trabalhar as harmonias e as letras, fazendo uma comunhão disso.

Depois de 40 anos de carreira, você ainda se emociona no palco? E como é ver seus fãs passarem de gerações e gerações?

Não existe como não me emocionar; não me tocar com os momentos, quando a gente recebe de volta os olhares, às vezes lágrimas, sorrisos das pessoas que estão ali, do outro lado. Nunca senti frio na barriga. Não sei o que é isso. Mas há músicas que, quando estou cantando, fico imaginando como consegui fazer aquilo; tem coisa que eu não sei explicar. Como a canção saiu daquele jeito e me emociona ali, na hora, no palco. Várias vezes preciso me conter porque é uma emoção muito forte mesmo, dá vontade de tampar a garganta para não chorar, e principalmente por saber também que estou fazendo alguma coisa que consegue caminhar por tantas pessoas, por tanto tempo ainda.

A sua nova turnê começa hoje, no Vivo Rio, com repertório de 70 composições de sua carreira e participação de 70 artistas convidados durante o projeto. O que pode adiantar sobre o show, repertório e convidados?

Sinceramente busquei me ater só ao repertório, à grade musical, tentar um parâmetro que trouxesse mais ou menos uma organização do início da minha carreira e como eu vim evoluindo. Estou focado somente nisso. A informação de como o show será montado, palco, luzes, inclusive os convidados, está com a equipe que tenho a minha volta hoje — que está fazendo isso com muita competência.

Seção de Shows do Guia Show & Lazer - Jorge Aragão Divulgação/Marcos Hermes
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