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'Eu não sou do tipo que cria músicas dentro do estúdio', revela Vanessa da Mata

Cantora produziu seu sétimo álbum de estúdio, o recém-lançado 'Quando deixamos nossos beijos na esquina', e estreia a turnê na Cidade Maravilhosa no Vivo Rio, no dia 29

Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio
Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio -

Vanessa da Mata lançou seu sétimo álbum de estúdio, intitulado 'Quando deixamos nossos beijos na esquina', o primeiro produzido inteiramente pela própria cantora. No próximo dia 29, Vanessa estreia a turnê no Rio de Janeiro, no Vivo Rio. À coluna, ela revela que preza por sua liberdade individual, fala sobre a importância do amor para melhorar o mundo e conta como é a relação com seus três filhos.

Você acredita que tem facilidade em criar hits?
Eu acho que tenho sorte de ter uma simpatia nas minhas músicas e alguma força que eu não sei explicar. Entendo hit de uma maneira diferente. Eu sei que a música tem potencial e que ela se tornará um hit se chegar até as pessoas. Sempre tive músicas que, muitas vezes, não chegaram nas pessoas, mas que potencialmente eram um hit. Eu não sei fazer um hit, simplesmente faço as minhas músicas. Tenho a sorte de elas serem músicas que abraçam!

Como é a responsabilidade de ser apadrinhada por grandes figuras da música brasileira como Chico César e Maria Bethânia?
Antes mesmo de conhecê-los pessoalmente eu tinha uma admiração enorme. Eu acho que o fato deles terem gostado da minha música me deu uma direção em confirmar, para mim, que eu tinha a ver com aquilo. Isso me trouxe para um ambiente que eu tenho enorme carinho, que é a música brasileira, que eu sempre tive total consciência de ser uma das melhores músicas do mundo. Eu nunca fui uma pessoa de ficar admirando música do exterior porque eu sabia que esse era uma lado nosso que a gente faz e fazia direito. Se a música chega ou não nas pessoas é outra coisa, cada um tem que procurar, né? O mercado é mercado e é o dinheiro que o move, assim como tudo, ou quase tudo. Mas eu sempre soube da qualidade da música brasileira e adoro. Fazer parte disso me trouxe uma confirmação. É uma delícia.

Como é o seu processo de criação das músicas?
Eu não sou do tipo que cria músicas dentro do estúdio. Elas vão surgindo na minha mente, não importa o lugar. Costumo dizer que crio letras de maneira freestyle (livre, improvisada).

Como encara o desafio de fazer a produção musical de um disco seu pela primeira vez?
Tive bons mestres, e há muitos anos achava que eu poderia fazer uma produção assim. Existe um comodismo em contratar um produtor pois ele te dá um norte, te diz o que acha de cada composição, dinamiza o processo, te deixa só com as composições, o que já é muita coisa, e depois com o canto, com os arranjos. Eu já tinha a ideia de que podia fazer, mas não pensei naquele momento porque realmente é muito trabalho. E dessa vez foi muito tranquilo, inclusive, durou dois meses e pouco. A gente entrou no estúdio que tinha um artista há nove meses na sala ao lado. A gente teve apenas dois meses e meio. Isso é praticidade e também certeza. E eu, como produtora, dizer "Olha, já está boa essa música, não vamos mexer mais" ou "Essas duas músicas o arranjo ainda não é o que eu acho que poderia ser, vamos voltar e fazer de novo".

Você acha que isso ajudou a imprimir melhor a sua identidade?
Com certeza. O fato de ter produzido esse disco me trouxe uma liberdade maior, que eu poderia ter me perdido nela, mas consegui que fosse uma ferramenta de ajuda mesmo, e não de falta de limite. O que aconteceu de mais divertido foi isso: imprimir meu estilo, saber combinar as músicas, estar nessa produção do começo ao fim.

Por que você escolheu 'Só você e eu' para ser a primeira música de trabalho do álbum?
Desde o início ela se mostrava uma música mais rápida de absorção do que as outras. Geralmente você escolhe uma música que vai imprimir melhor o disco ou uma música que vai dar a ideia do que o disco é. A gente tinha várias outras, como 'Ajoelha e Reza', a própria música 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina'. Só que essa entrou na novela das 21h, e como foi a primeira música a tocar, optamos por ela.

Na música você fala sobre um amor arrebatador, que transforma. Você já mudou por conta de um relacionamento?
Todo mundo muda por algum relacionamento. Eu já mudei, mas não totalmente. Tive relações que queriam que eu mudasse minha profissão por insegurança. E eu nunca acatei isso, e eles acabavam ficando de lado. Eu acho que existe um limite entre o desistir de você, por alguém, e o conciliar coisas, ter um trato. Existe uma possibilidade de negociação básica para ser feliz, para estar junto, mas não pode ser muito a ponto de tirar sua autoestima e fazer que você fique escrava de uma relação.

'Dance um reggae comigo' é uma música sobre ser livre. É um reflexo da sua personalidade?
Eu sempre fui muito livre. Sou extremamente controladora do meu mundo, do meu corpo e da minha liberdade. Eu sou o tipo que começa a ficar viciada em café, eu paro o café. Ou se começo a comer bombom todo dia, eu paro o açúcar. Eu não suporto nada que possa me tirar a liberdade.

Como veio a ideia de convidar o rapper Baco Exú do Blues para participar do álbum?
Baco Exú veio depois que eu mostrei a música 'Tenha Dó de Mim' para ele. A minha parte já estava pronta e ele aceitou fazer a participação. Acabou sendo meu parceiro nela, pois a parte que ele canta é de autoria dele. Que bom que deu certo!

Você gosta de misturar o seu estilo com artistas de outro gênero?
Sim, muito. Cada um traz sua colaboração e imprime seu estilo. É bom misturar.

'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina' é um CD cheio de malemolência e brasilidade. Quais foram suas inspirações?
Para mim, 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina' é a ponte perfeita entre regionalismo, vida urbana e, mais do que nunca, o amor.

Na canção que intitula o CD, você fala que o mundo está doente, mas isso é negligenciado pelas pessoas. O que acha que precisaria ser feito para melhorar?
Não só a canção título, mas acho que o disco inteiro é um pedido de amor. Primeiramente, para melhorar, que a educação não seja um privilégio de ninguém, e sim um direito básico de todos. Que haja investimento desde o ensino fundamental ao ensino superior. E que a gente consiga ter um desenvolvimento humano mais plausível, justo, mais equilibrado. Automaticamente isso dará num país com menos violência e com menos discrepância. Aproveitando todos os recursos naturais que a gente tem com equilíbrio, sem tamanha ambição, que gera uma crise ética enorme e sistemática no país. Que o diálogo comece a existir e que as pessoas entendam que o outro é o outro, e que ele tem direito a opinião, e que esse direito não é uma ofensa pessoal. Tirando os preconceitos, tirando as ignorâncias e as primitividades, que a gente consiga ter uma relação mais justa e protegendo o diferente.

No clipe de 'Só Você e Eu' você se arrisca na dança. Como foi o processo para compor a coreografia e aprendê-la?
Sou grande, tenho 1,80m e isso dificulta o corpo de ser mais compacto. Me acho desajeitada dançando. O que danço está muito ligado ao movimento africano. Para outras danças sou destreinada. Pelo menos, eu acho. Mas a Delacyn (coreógrafa do clipe) é uma excelente professora e dançarina.

Você já tinha ligação com a dança? É um hobby?
Não, mas amo dançar.

Como é a sensação de ter o single na trilha sonora de 'A Dona do Pedaço'?
É um prazer estar em novela. Eu venho do interior do Brasil e sei o quanto esses folhetins têm um peso de contar histórias, de interpretar situações tipicamente brasileiras. Um horário nobre ainda é muito forte, então, quando você está inserido nessas novelas, principalmente as mais fortes, você tem um trabalho muito divulgado.

A música 'O Mundo para Felipe' é dedicada ao seu filho, de 18 anos. Como é a relação de vocês? Ele curtiu a homenagem?
Somos muito ligados, mas ele mora no exterior. Tenho muito orgulho dele. Ele chegou na minha vida sabendo apenas três cores, preto vermelho e branco, e hoje, com os estudos, ele fala três idiomas. É um lindo, só que mora fora. Por um lado, aonde ele está não tem o perigo daqui. Por outro, a distância dói.

Se algum dos seus três filhos (Vanessa é mãe de Bianca, Felipe e Micael) resolvesse seguir seus passos na música, qual conselho você daria?
Eu não me oporia e já dei muita força, aulas e conselhos, mas acho que eles não entenderam ainda que isso requer muita disciplina e os estudos são que nem uma universidade normal. Talvez eles não gostem tanto depois disso. As pessoas têm uma ilusão de que a gente já nasce pronto na música e que é só abrir a boca e cantar. Direto me pedem para dar uma palinha por aí, de graça (risos), e não é bem assim. Há muito investimento, muita seriedade, não sair para curtir um bar ou ambiente barulhento, não tomar gelado e se cuidar muito. Eles são muito fofos e ainda está cedo para decidir, mas qualquer coisa tem que ter disciplina, esforço e principalmente talento para conseguir ter público.

Aos 43 anos, a sua preocupação com a saúde e o bem estar aumentou? Faz alguma atividade física ou tem uma rotina de cuidados?
Eu sempre tentei ter uma rotina de saúde, de comer melhor e ter uma atividade física. Ultimamente é que não estou conseguindo conciliar e fazer todos os dias, como eu fazia. Agora, por exemplo, tem um mês e meio que eu não malho na academia, e isso me estressa um pouco mais, porque saio de lá muito bem. A rotina está conturbada, mas em breve eu volto.

Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio Rodolfo Magalhães/Divulgação
Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio Rodolfo Magalhães/Divulgação
Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio Rodolfo Magalhães/Divulgação
Vanessa da Mata lançou 'Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina', seu sétimo álbum de estúdio Rodolfo Magalhães/Divulgação

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