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Crias do samba

Filhos de pagodeiros cantam clássicos em grupo

Brankinha (esquerda), Lucas (no meio), Raffa (sentado) e Levi (direita)
Brankinha (esquerda), Lucas (no meio), Raffa (sentado) e Levi (direita) -

Agora é tudo de novo no samba. Literalmente: o grupo Tudo de Novo tem quatro filhos de sambistas na formação. Lucas Morato (filho de Péricles), Levi de Paula (filho de Netinho de Paula), Brankinha (filho de Branca Di Neve, morto em 1989) e Raffa Bandeira (filho de Luiz Carlos, do Raça Negra) unem suas vozes nos palcos cantando tanto repertório de seus pais quanto composições autorais.

Os quatro, que se apresentaram no Domingão do Faustão na semana passada, vinham de carreiras solo e foram criados num ambiente em que samba era trabalho, mas também diversão. "Lá em casa era samba com churrasco sempre", brinca Raffa. "Lembro que na minha casa não tinha mais lugar para guardar CD, de tanto que a gente tinha", comenta Lucas.

O filho de Péricles conta que o grupo começou porque todos chegaram à conclusão de que não havia ninguém com mais propriedade para apresentar o pagode dos anos 1990 para uma nova geração. "Somos frutos desse sucesso", comenta. A escolha pela carreira musical não foi uma opção fácil para todos do grupo. Levi diz que, no começo, o pai não gostava da ideia de o filho seguir carreira musical. "Ele achava que é uma vida muito sofrida. Mas eu aprendi olhando, estando sempre nos shows", revela.

Nelson Fernandes Morais, o Branca Di Neve, pai de Brankinha, morreu aos 38 anos em 1989, de derrame cerebral, ganhando status de lenda do samba paulistano. Na época, o cantor estava começando a fazer sucesso, e imortalizou clássicos como Pensamento Verde, que depois virou sucesso com o Molejo — é a do "Sabe quem perguntou por você? Ninguém". "Essa música virou meme!", se diverte Brankinha.

Músicas preferidas dos filhos

Cada um tem suas músicas preferidas dos repertórios paternos. Do Pericão, Lucas ama Quero Sentir de Novo, Aquela Canção (estas, da ex-banda do cantor, Exaltasamba) e Dom de Sonhar. Raffa não dispensa uma audição de Estou Mal e Pra Que Brigar. Levi tem até dificuldade para enumerar suas preferidas. "Muitas! Gosto da alegria da Cohab City, Beijo Geladinho. Gosto da interpretação que meu pai fez em Timidez, Bom Dia, Que Dure Para Sempre! Gosto da mistura rítmica de Tanajura, enfim! Sou grande fã do meu pai!", alegra-se. De Branca, Brankinha cita Reprise, Falsa Magra e, claro, Pensamento Verde. "Foi uma música que mudou minha vida, de verdade", diz. Nos shows, claro, nenhuma dessas músicas vai poder faltar.

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