'Sou bem resolvida'

De tênis, meia com estampa de rosas, calça jeans, suspensório e camiseta vermelha. Foi assim que a atriz Beatriz Damini chegou ao MEIA HORA, na Lapa. Um visual bem diferente do usado por Martinha, sua personagem em Malhação — Toda Forma de Amar, da TV Globo. O jeito moleca conquista nas fotos. Mas é na entrevista que vem a surpresa. Com um discurso firme e livre, no auge de seus 20 anos, ela dá uma aula de como é viver sem se importar com os padrões.

"Não me rotulo. Os rótulos para algumas pessoas vem para ajudar. Hoje em dia, tem rótulo para tudo. Às vezes, até ajuda para você tomar um norte. Mas usar isso para uma definição, acho perigoso. Sou a Beatriz sem definição. Apenas viva, vista-se do jeito que quiser, fale o que você quiser — desde que não ofenda ninguém —, seja você e está tudo bem", encoraja.

Além do discurso, o visual de Beatriz chama a atenção. "Foi uma coisa que lutei muito para conquistar. Porque venho de uma cidade do interior. Então, sempre foi uma coisa que alguém esperava que eu me vestisse, como eu me portasse. A partir do momento que eu fui para o intercâmbio (nos EUA, em 2016), passei a olhar para as coisas com outros olhos. E foi aí que eu fui moldando essa nova identidade. Um marco para mim foi quando eu cortei o cabelo".

Mas não foi por causa do cabelo que ela decidiu usar roupas consideradas 'masculinas'. "Não comecei a usar roupa masculina depois que eu cortei o cabelo, eu já usava antes. E, sim, rola um estranhamento das pessoas. Elas confundem com menino na rua e é engraçado isso. Às vezes, até entro na brincadeira, porque quando eu falo que não (sou um menino), a pessoa tem um constrangimento. E eu não gosto de ver a pessoa passar por aquele constrangimento. As pessoas se incomodam muito com separação de gênero. É masculino ou é feminino. Aí, você confundiu os dois e as pessoas dizem: 'Meu Deus, me desculpa'. Não, está tudo bem. Nem precisa disso. É uma coisa que a gente criou. Eu sou muito bem resolvida comigo mesma".