Quem nunca caiu no conto do vigário, aquela história elaborada com o objetivo de enganar alguém, que atire a primeira pedra. E é esse o enredo que a São Clemente vai levar para a Sapucaí. "Nosso desfile chega até os tempos atuais, passando por 'contos' antigos até as badaladas fakes news dos dias de hoje. A São Clemente sempre foi uma escola irreverente e que vai manter essa marca neste ano. Não queremos problematizar o enredo ou polemizar alguma situação. Vamos contar uma história que vem desde a época barroca até os dias de hoje. Então, nada mais legal do que o público assistir um desfile e se identificar com muitas situações que já encontramos pelo mundo afora", diz o diretor de Carnaval Thiago Almeida.
E a expectativa para o desfile de hoje é grande. "A expectativa é muito boa. Estamos fazendo um grande Carnaval para seguirmos tentando uma colocação melhor do que os últimos anos. As pessoas vão se identificar bastante com as alas e alegorias. É tudo de fácil entendimento. Acho que o público vai gostar e curtir por ser a realidade do nosso país", afirma Thiago.
Há quem diga que a escola vem com um samba de protesto, mas o diretor de Carnaval ameniza. "O público espera que esses casos sejam contados com leveza e é isso que estamos buscando. Um Carnaval leve, direto, irreverente e que deixe sua mensagem."
Ficha técnica
Enredo: O Conto do Vigário.
Carnavalesco: Jorge Silveira.
Cores da escola:
Preto e amarelo.
Intérpretes: Leozinho Nunes, Grazzi Brasil e Bruno Ribas.
Início do desfile: 21h30.
Rainha de Bateria:
Raphaela Gomes.
Mestre de Bateria: Caliquinho.
Cante o Samba
Meu povo chegou, ô, ô
A maré vai virar, laiá
Na ginga, pra frente
Lá vem São Clemente
Sem medo de acreditar
O sino toca na capela e anuncia
Nossa Senhora, começou a confusão
Quem vai ficar com a imagem
De Maria?
O burro vai tomar a decisão
Mas o jogo estava armado
Era o conto do vigário
Nessa terra fértil de enredo
Se aprende desde cedo
Todo papo que se planta dá
Dom João deu uma volta em Napoleão
Fez da colônia dos malandros capital
Trambique, patrimônio nacional
Tem laranja
Na minha mão, uma é três e três é 10
É o bilhete premiado vendido na rua
Malandro passando terreno na Lua
Hoje, o vigário de gravata
Abençoa a mamata
Lobo em pele de cordeiro
Trago em três dias seu amor
La garantia soy yo
Só trabalho com dinheiro
Chamou o VAR, tá grampeado
Vazou, deu sururu
Tem marajá puxando férias em Bangu
Balança na rede
Abre a janela, aperta o coração
O filtro é fantasia da beleza
Na virtual roleta da desilusão
Brasil, compartilhou, viralizou,
Nem viu
E o país inteiro assim sambou
Caiu na fake news