'Voltar lá É SEMPRE MÁGICO e emocionante'

'Acho que os governantes deveriam olhar para as comunidades com mais amor e se colocar no lugar de quem vive lá". É assim que começa o papo com o vocalista do grupo Tá na Mente, Rony Lúcio, de 31 anos, que é cria de Manguinhos, onde viveu até completar 24. Apesar de morador de favela não ter facilidade na vida, o cantor conta que tem as melhores recordações.

"Tenho ótimas lembranças. Sempre digo que Manguinhos foi uma escola para mim. Lá, eu aprendi muito, pude me preparar para realizar e viver o meu sonho. Sempre que posso, frequento a comunidade. Confesso que gostaria de ir mais vezes, mas a falta de tempo, a correria por conta dos shows e agenda de compromissos do grupo não me permitem. Tenho familiares e amigos lá que fazem parte da família", lembra o artista. 

Quando o assunto é dar mais atenção aos moradores das comunidades, Rony acha que os governantes precisam se preocupar mais: "Deveriam ir às favelas com a intenção de realmente ajudar e melhorar as vidas das pessoas, e não só para ganhar votos. Na minha opinião, esse seria um bom início. Falta mais amor e vontade de fazer algo pelo povo de lá", afirma ele, que fez live com o grupo e arrecadou alimentos para sua comunidade. "O Tá Na Mente fez uma live em abril e tudo o que arrecadamos doamos, nós mesmos, para Manguinhos", conta ele.

E, como ex-morador de comunidade, o pagodeiro não deixa de sentir quando recebe notícias de moradores inocentes que acabam baleados, principalmente quando se trata de crianças.

"Não se sensibilizar é impossível, pois sei que as pessoas de bem que moram lá, sofrem com tudo o que acontece. Todas as vezes que acontecem confrontos é tenso para quem mora na comunidade", afirma. 

'Preconceito há e sempre irá existir'

Perguntado sobre já ter sofrido preconceito por ser morador de comunidade, Rony afirma nunca ter percebido algum problema diretamente com ele, mas é taxativo ao abordar o tema: "Preconceito há e sempre irá existir, não só como uma pessoa que mora em comunidade. Isso é o mau que, infelizmente, está enraizado em algum seres humanos. Graças a Deus, nunca sofri esse preconceito, pelo menos não que eu saiba (risos)."

Sobre a formação do Tá na Mente, cujo o nome inicial era Novamente, Rony lembra que todos participavam de um grupo da comunidade, onde se conheceram. "Somos quatro integrantes no grupo, todos de Manguinhos. Nos apresentávamos lá. Em 2002, nos separamos do primeiro grupo e fomos trabalhar juntos." 

E as apresentações do grupo feitas no local onde todos eles cresceram tem um gostinho todo especial para Rony. "Já tive a oportunidade de me apresentar lá várias vezes. E todas foram mágicas e emocionantes, pois sempre passa um filme na cabeça de tudo que vivi lá", emociona-se.