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Sonho de chegar à faculdade conquistado

Cria da Rocinha fala sobre a comunidade

Marco Prado é morador da Rocinha e coordenador de pré-vestibular social
Marco Prado é morador da Rocinha e coordenador de pré-vestibular social -

Me chamo Marco Prado, tenho 27 anos e sempre morei na Rocinha. Fui, desde pequeno, aluno de escolas públicas e projetos sociais. Na minha trajetória escolar, não me sentia motivado a estudar e a fazer um curso superior, ainda mais pela situação local em 2004, com a guerra pelo comando do tráfico. A partir daquele momento, decidi cursar a faculdade para dar uma vida melhor para a Dona Tereza, minha mãe, com quem moro.

Ao entrar no antigo ginásio, em 2005, me apaixonei por História e resolvi estudar mais. No último ano do Ensino Médio conheci o PVCR (Pré-Vestibular Comunitário da Rocinha), onde fui aluno e vi possibilidade de ser aprovado. No PVCR achei o espaço educacional que sempre quis, onde os alunos são protagonistas e os professores, colaboradores na aprendizagem.

Em 2012, passei para a PUC-Rio em licenciatura em História e prossegui no PVCR como professor e hoje sou coordenador. Ajudo jovens que, assim como eu, chegam em busca de realizar seus sonhos: me pondo à disposição para tirar dúvidas, dar aulas extras e explicar questões de provas anteriores. A exemplo desse trabalho, em 2018, havia uma aluna com muita dificuldade em História, fizemos muitas aulas e ela foi aprovada para Direito na Uerj. Além de atuar no pré, continuo aluno de projetos sociais, como a Escola de Música da Rocinha. Ela também promove conscientização social e formação musical, colocando alunos em contato com manifestações culturais através da música. Trabalho como professor em uma creche e estudo para prestar prova para o mestrado. Acredito que, com o título, posso inspirar mais pessoas e auxiliar na formação de professores novos através do pré.

Sabemos que os momentos são difíceis, mas precisamos ter esperança. O Estado tem feito sua parte, em um contexto geral, mas devemos cuidar do nosso espaço. Os centros sociais da favela e as páginas da internet, como o Rocinha Resiste, estão sendo fundamentais no combate da Covid-19 e os moradores pode contar com eles.

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