Nego do Borel não nega suas raízes. Ele carrega no nome o orgulho que tem de ser da comunidade. Mesmo morando na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, não é difícil ver o funkeiro subindo as ruas e vielas da favela da Zona Norte do Rio. "Tenho familiares de sangue lá e familiares escolhidos pelo coração, porque na verdade eu sinto como se cada um ali fosse um pouquinho da minha família. Me dói o coração saber que estão passando por dificuldades, e que mesmo tentando sempre fazer alguma coisa para ajudar, ainda é bem pouco perto do que eles precisam mesmo", comenta ele.
Nesta semana, Nego vai demonstrar mais um pouquinho do seu amor pelo Borel. Ele entregará os alimentos e outras doações arrecadadas em sua live, que aconteceu no dia 3 de junho, para a comunidade. "Conseguimos algumas boas toneladas de alimentos, que já pretendemos entregar na próxima semana. Conseguimos também R$ 10.000 em tintas que vão pintar o Ciep onde aconteceu a live e ajudar a tornar a volta às aulas bem mais colorida e divertida para os alunos. Além de 800 unidades de álcool em gel. Estou muito feliz mesmo por poder ajudar o meu Borel e as outras comunidades mais próximas", diz ele, que pretende levar as doações. "Pretendo fazer parte da entrega sim".
Para o funkeiro, a favela precisa ser vista de uma outra maneira, não só pelo tráfico. "É muito maior o número de pessoas honestas, do que o número de bandidos numa comunidade. São trabalhadores, são estudantes, são pessoas que mesmo com tanta dificuldade não desistem da batalha. Criam projetos incríveis, ajudam o próximo. Dão aula de cidadania e dignidade. Temos bandidos e criminalidade em todos os lugares, infelizmente, está no morro e também está no asfalto. Precisamos olhar mais para os bons exemplos das comunidades, para de descriminar, e associar o morro só à essas poucas pessoas que se entregam para as escolhas erradas", avalia. O
O que Nego espera dos governantes? "Ficaria muito feliz se criassem mais projetos profissionalizantes, se dessem mais oportunidades para o povo das comunidades. Existem muitos talentos, muito potencial dentro das comunidades, muita gente boa, esperando só uma chance".